Genevaldo era um sujeito munto dado, prestimoso, e fazia de um tudo para agradar a pessoa. Certa feita, foi na repartição retirar uma licença para alguma côsa que eu não saberia dizer bem ao certo o que seja, mas era um papel da repartição que era de "percizão" do Genevaldo.
Lá chegando, enfrenta os tradicionais protocolas, senha de atendimento, sala lotada, e pacientemente, encontrando uma pontinha de banco, vaga, tomou assento e, cruzando uma perna sobre a outra, a balançar o pé, com as duas mãos apoiadas no banco, por baixo das pernas, pôs-se a bomber as peçôa do ambiente.
O tempo ia passando, e ainda demorava a vez dele, foi logo de se enturmando, e em pouco tempo, estava às falas com uma senhôra muito bem apessoada, que, por ser gentil e educada, sorriu delicadamente para o matuto. Foi o que bastou, e logo estava Genevaldo contando a vida dos seus antepassados, não sem encaixar com a ispiculação notória de também desejar saber sobre a vida alheia, e foi assim que o diálogo caminhou:
- Tempo bão, né dona! será que chove?
- ´Não sei dizer, mas seria bom, está bastante calor.
- É memo! Falecido meu vô era traquejado em saber do tempo. Era "oiá" pro céu, bombear pras formiga, e contar as nuvi, que já dizia na hora (acentuou o "na hora") se ia chovê ou ia estiar.
- Ah sim, os antigos tinham experiencia no clima. Meu avô também sabia dessas coisas.
- É memo. E quem era seu avô?
- Demerval dos Prazeres.
- É memo? Prazeres por parte de pai ou parte de mãe?
- Parte de pai, sim senhor.
- E vosso pái, como se chama?
- Danúbio, como o nome daquele rio lá no estrangeiro.
- Danúbio. E vossa mãe, seria...?
- Setembrina.
Com ar de espanto, abraçando a face com as duas mãos, e olhos arregalados, exclamou?
- Setembrina! Não vá me dizer que é a setembrina do Maristelo, fio de Jemila?
- Ela mesmo. O senhor a conheceu?
Dando um tapinha maroto no ombro da moça, exclamou com um largo sorriso:
_Cumi munto, sinhóra sua mãe!!!
Desenho: IA