Há, no entanto, coisas que eu penso que gostaria de saber, mas vejam bem: Não vou mover Céus e Terra para provar minha ignorância, além de ter que aturar aqueles que possam se aproveitar dessa brecha de não saber, e tentar enfiar papeizinhos de suas próprias conclusões, na sutil esperança de que estas brechas possam mudar minhas crenças, quando não percebem que o meu "não saber" não significa que eu esteja carente, e até em privação ou abstinência, e qualquer "teco" de asneira, possa confortar meus vazios. Não tem como!
Meus vazios são vazios que me pertencem, e não tenho a menor vontade de preenchê-los com teorias falaciosas e conspirações, que só interessam aos néscios, nenhuma chance de que possa tornar-me um prosélito da estupidez coletiva, pois a mim, basta ser ignorante, e não tenho a pretensão de tornar-me estúpido, que é o ignorante proselitista de sua própria estupidez, alguém que carrega vazios na mochila em sua jornada sem rumo.
As coisas que me dão certeza de que eu não sei, são os mistérios que acho burlescos, alguns, espetaculares, outros, maravilhosos, grande parte, mas que o desgaste em buscar respostas, poderá tomar de mim, preciosas horas, dias, e anos, energia, e entusiasmo, de amadurecer meu caráter, de construir meus caminhos e respostas éticas, e sobretudo, assegurar a paz que eu busco, a mim, e aos meus.
"A glória de Deus é encobrir as coisas, mas a glória dos reis é esquadrinhá-las." Proverbios 2:2
Com base nisso, lembro que não sou rei,e ainda que fosse, o texto diz que "a glória destes é esquadrinar, escrafuncha, remexer até descobrir", porém, o que o texto não diz que isso seja uma ordem, e tampouco seja obrigação doutrinária para a salvação eterna, nem tampouco estabelece uma proibição ao quem o faça. Apenas constata que é lindo fazê-lo, se esta for a vocação dos sábios, o que não faz brilhar menos aos símplices, o "não fazê-lo", sendo esta a sua limitação.
Dos mistérios que tenho refletido são: a idade da Terra, do Universo, as descobertas arqueológicas pelo mundo, com idades superiores àquelas registradas pelos relatos bíblicos, a origem cultural e política de certas civilizações, a profusão de crenças, e o mistério de que muitas se parecem tanto com as minhas próprias, inspiradas nas Escrituras judaico-cristãs, como, as bolas de pedra no Leste Europeu, as Linhas de Nazca, como o coco se enche de água...não, essa eu sei!
Há também outros mistérios de natureza espiritual, intrínsecos, como, as Mãos. Pense comigo! Qual o mistério das mãos? Veja quantas vezes são mencionadas nas Escrituras, delas exalando poder! Veja, mesmo fora das Escrituras, crenças de que haja poder nas mãos, e delas se possa curar, amaldiçoar, transformar, mesmo sem que sejam tocadas. Tantas são as condições em que as mãos façam parte ativa no funcionamento do mundo, da vida. E são apenas mãos! Não, não são "apenas" mãos, mas são notadamente "As Mãos". Respeito muito as minhas, respeito as que afagam, fujo das que machucam, admiro as que abeçoam, me afeiçoo às que me tocam, pois as mãos sempre precedem o abraço, o afeto, e não tê-las, não é natural, nunca será, descobri isso quando tive um derrame cerebral, e a primeira coisa que perdi, temporariamente, foi o movimento de uma das mãos, angustiante a ideia de voce saber que seu cérebro se tornou inútil, que não lhe obedecem.
Mistérios e mais mistérios, são tantos, que no dia a dia, colocar comida na mesa, tem sido o grande mistério de quem precisa levantar cedo e dormir tarde, e só o faz, porque é capaz de fechar os olhos e entregar os mistérios Ao que É capaz de ocultá-los, para que os reis os desvendem.
Pacard
Escritor, Pensador, e Contador de Causos
Imagem: Bing*
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