terça-feira, 20 de agosto de 2024

As Rosas que me perfumaram a infância


Rosas cor de rosa! Estas são pra mim, mas genuínas do que qualquer outra rosa que há. Até rosa preta já está aparecendo. Lindas, não nego. Rosas vermelhas, então, são fabulosas. Mas nenhuma tem a inocência e o perfume da Rosa cor de rosa, aquele pequenininha que se derrama em caramanchões pelas cercas das casas antigas. 
Recordo da minha tenra infância, daquele tempo com sardas nas têmporas, orelhas de abano, nariz parecendo uma bolinha na ponta dum palito, sobrancelhas expressivas, dentuço, como todo meni dessa idade é. e sonhador, muito sonhador (acho que foi, de mim, o que permaneceu).

Esta reflexão é porque recentemente comprei um pote de geleia de pétalas de rosa, importado do Líbano, e para minha particular decepção, as pessoas odiaram, pois é absolutamente incomum, associar perfume de flores a alimentos. PANCS, entende? Porém, incomum aqui, pois no Oriente, perfume e comida se fundem, e é de lá quem chegam as mais misteriosas fragrâncias.  Mas aqui é Brasil, somos tropicais, nossos cheiros são Canela, Cravo, e Pitanga..bem, fico apenas com a Pitanga, pois Cravo e Canela também vêm do oriente. Porém, a fragrância que exala aquele pote de geléia, embarcou-me em uma viagem no tempo, e levou-me então aos meus oito anos, parecido com os oito anos de Casimiro de Abreu. Isso porque, estas rosas florescem na Primavera, lá por Novembro, tempo do meu aniverário (não o que registrou meu tempo de aposentadoria, mas o tempo em que nos jardins, perfumes havia), e nesse dia..ah, nesse dia, minha mãe, senhora dona Ester, ladeada por minha avó, Maria Elisa, e meu tio, Samuel Isaac, que troçava de mim o tempo todo, e juntos,  preparavam para mim, uma festinha, com comilanças (sim, pobre come muito bem, especialmente em aniversário), e entre estas, o principal: Uma torta feita com "Bolo Santista", recheada de nata com Morango, coberta com chantilly caseiro, e adornada com rozinhas de açúcar de confeiteiro. Isso era pra mim, e claro, meus convidadinhos, geralmente primos e primas, vizinhos, todos comiam bolo, brincávamos até o anoitecer, e ao voltar à casa, tinha ainda uma faia escondida só pra mim, de novo. E nem lembro quais eram os presentes, mas a torta, sim, era de Morango e Nata, adornada com rosas de açúcar. E eu comia tudo!




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